Em 20/5 de 2024, ao voltar para casa após um dia de trabalho, Grazi foi atingida por um carro de luxo que estaria em um racha. Ela espera por repostas até hoje

Era 20 de maio de 2024, 21 horas. Depois de uma jornada exaustiva, Grazi voltava do trabalho, no Alphaville, para casa, no Engenho Novo, na garupa de uma moto de aplicativo. Na alameda Rio Negro, dois carros de luxo, duas Mercedes, passaram em alta velocidade. Um dos veículos atingiu a motocicleta. O acidente mudaria a vida de Maria Graciete Alves da Silva para sempre.
No choque, sua perna esquerda amputada Ela foi atendida inicialmente por pessoas que passavam pelo local e depois conduzida ao Sameb. Dali, foi levada ao Hospital Municipal, onde passou por cirurgia. “Desde então, durante este ano, eu venho lutando para que a justiça seja feita e para me adaptar à nova rotina”, afirma Grazi.
Testemunhas afirmam que as duas Mercedes, que circulavam a mais de 100 quilômetros por hora, participavam de um racha, mas nenhum dos dois motoristas fez nenhum gesto de apoio desde então, nem o empresário Carlos André Pedroni, que atingiu a moto, nem o dentista de celebridades Roberto Viotto, que conduzia o outro carro.

Os dois motoristas negam que participassem de um racha e até afirmam que nem se conhecem. O argumento não é válido para o caso, pois é frequente que participantes de racha não se conheçam.
Hoje, Carlos André responde pelos crimes de lesão corporal gravíssima, fuga do local do acidente e omissão de socorro. Sem a confirmação do racha, Viotto responderia apenas por infração de trânsito, por conduzir em excesso de velocidade.
Por seu lado, Maria Graciete tenta se reconstruir. Durante esse ano, dependeu da ajuda de amigos e do auxílio-doença, que recebe da Previdência. Ela ganhou a prótese por meio de um programa de televisão e pratica vôlei sentado na Associação Desportiva para Deficientes (ADD) e na Secretaria de Defesa das Pessoas com Deficiência (SDPD) da prefeitura de Barueri. “Procuro formas de retomar a vida profissional, mas a atividade que eu exercia na época do acidente, a massoterapia, ficou inviável”, conta ela.
Grazi é formada em jornalismo no Amazonas, seu estado natal. A partir de seu drama, escreveu o livro “a Vida Pode Mudar em 4 Segundos e Meio”, que será lançado dia 31/5, no Sampa Coffee Station, no Alphaville. “O acidente interrompeu a minha história, mas quero fazer dele o ponto de partida para um recomeço.”
O motociclista Arilson da Silva Correia, que levava Maria Graciete e perdeu a moto, seu instrumento de trabalho, também não recebeu nenhuma satisfação até hoje.