A meningite é considerada uma doença devastadora devido ao seu alto potencial de contágio e aos sintomas graves que causa * Fábio Argenta, cardiologista e Rosane Argenta, dentista
Manter a carteira de vacinação em dia continua sendo o meio mais seguro de garantir a proteção de todos. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a meningite é considerada uma doença devastadora devido ao seu alto potencial de contágio e aos sintomas graves que causa. No Brasil, o Ministério da Saúde relatou cerca de 400 mil casos suspeitos entre 2007 e 2020. Recentemente, o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) emitiu um alerta sobre a detecção do verme Angiostrongylus cantonensis, que causa meningite eosinofílica, em um caramujo coletado em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, resultando em uma morte confirmada.
A meningite é uma inflamação das membranas (meninges) que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser provocada por infecções virais, bacterianas ou fúngicas. A forma bacteriana é a mais severa, podendo resultar em complicações graves, como danos neurológicos permanentes ou até mesmo a morte, se não for tratada rapidamente. “Bebês e crianças pequenas correm maior risco de infecção, uma vez que estão com o sistema imunológico em desenvolvimento. Além disso, pessoas com condições médicas crônicas ou em tratamento com imunossupressores também são mais suscetíveis à infecção”, explica o Dr. Fábio Argenta, cardiologista e sócio-fundador da Saúde Livre Vacinas, uma rede de clínicas especializadas em vacinas que oferece os mais modernos cuidados preventivos.
É crucial reconhecer os sintomas e as medidas preventivas contra a doença. Para isso, o Dr. Argenta esclarece alguns mitos e verdades sobre a meningite:
A meningite é sempre contagiosa. Mito! “É importante entender que existem diferentes formas de contágio. A viral, por exemplo, é geralmente menos grave; a bacteriana, que é mais séria, pode ser contagiosa dependendo do tipo de bactéria; e a fúngica, que não é nem infecciosa nem contagiosa”, esclarece Argenta. A transmissão de pessoa para pessoa ocorre através de gotículas de secreção respiratória ou da garganta, por meio de espirros, tosse, compartilhamento de utensílios ou até mesmo beijos.
A meningite nem sempre apresenta sintomas logo após a infecção. Verdade! Os sintomas da doença podem surgir rapidamente, em poucas horas, ou de forma mais lenta, ao longo de vários dias, dependendo do tipo de cepa e do estado de saúde da pessoa infectada. Os sintomas incluem febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez no pescoço, náusea e vômito.
Todas as vacinas contra meningite protegem contra todas as formas da doença. Mito! Existem diferentes vacinas para cada tipo de cepa. Não há uma vacina única que ofereça proteção contra todas as formas da doença. “É importante lembrar que a proteção conferida pela vacina não dura a vida inteira, por isso as doses de reforço são essenciais e não devem ser negligenciadas”, destaca o Dr. Fábio.
Ter meningite uma vez significa que a pessoa está imune. Verdade! “Como essa doença pode ser causada por diversos patógenos, alguém que teve meningite bacteriana por uma cepa específica não está protegido contra outras cepas virais ou fúngicas”, alerta o especialista.
Somente crianças podem contrair meningite. Mito! Pessoas de todas as idades podem ser afetadas pela doença, especialmente aquelas com o sistema imunológico enfraquecido.
A meningite não pode ser tratada com remédios caseiros. Verdade! Essa é uma condição grave que necessita de tratamento médico especializado. “A forma bacteriana, em especial, requer antibióticos intravenosos e, em alguns casos, hospitalização. A forma viral pode ter tratamento focado no alívio dos sintomas, mas ainda assim é necessário acompanhamento médico”, afirma o médico.
A meningite é uma doença rara e não vale a pena se preocupar. Mito! Embora a incidência tenha diminuído em algumas regiões devido à vacinação, a meningite ainda é uma preocupação significativa de saúde pública em várias partes do mundo.
“Esclarecer os mitos e compreender as verdades sobre a meningite é essencial para uma prevenção eficaz e tratamento adequado. Informação é uma ferramenta poderosa na luta contra essa e outras doenças infecciosas”, conclui o Dr. Argenta.
*Fábio Argenta, cardiologista, e Rosane Argenta, dentista, fundaram em 2021 a Saúde Livre Vacinas, uma rede de clínicas voltadas para a prevenção de doenças imunopreviníveis, oferecendo vacinas para todas as faixas etárias. A rede já conta com 85 unidades espalhadas pelo Brasil.